![]() |
Foto: http://www.festivaldegramado.net/ |
A forte neblina que se abateu sobre a cidade mais charmosa da serra gaúcha, Gramado, no dia da premiação de seus melhores do Festival de Cinema de 2011 ocorrido neste último sábado (13/08), não foi o suficiente para ofuscar o bom astral dos vencedores. Apesar da seleção de filmes nacionais ter suscitado certa polêmica em relação a pouca qualidade perto dos filmes da mostra de películas estrangeiras, a distribuição dos Kikitos – nome no plural da estatueta dourada gramadense - foi democrática. O prêmio máximo dado pelo júri oficial ficou com um filme semi-documental baseado na intimidade familiar da cineasta Lúcia Murat. Com depoimentos permeados de humor do irmão mais novo que ganhou o mundo na juventude, se encontrou com as drogas e depois veio a ser diagnosticado como esquizofrênico, “Uma Longa Viagem” não apenas sensibilizou o júri encabeçado pelo diretor de cinema e pai do movimento “Dogma Feijoada”, Jéferson De, como também os jurados da premiação paralela intitulada “Cidade de Gramado”. Segundo a crítica popular e estudantil, o projeto pessoal de Lúcia foi escolhido como o melhor da noite.
O carioca “Riscado”, de Gustavo Pizzi, que narra as desventuras de uma atriz que se encontra fora do circuitão midiático, graças a um roteiro bem costurado com direito a um fator surpresa em sua narrativa à lá “Cópia Fiel”, de Kiarostami, e uma performance bastante convincente de sua estrela, esposa de seu realizador na vida real. A película que abriu a mostra competitiva nacional abocanhou além dos troféus de melhor direção (Pizzi), melhor atriz (Karine Teles) e melhor roteiro, escrito pelo próprio casal, foi também agraciada pelo júri da critica especializada como melhor longa nacional.
A rotina da mulher indígena do Alto Xingu (MT) durante os preparativos para uma festa e sua execução mostrada em seus mais curiosos detalhes em “As Hiper Mulheres”, convenceu e levou o prêmio de melhor montagem além de um outro troféu especial do júri.
Apesar de ter protagonizado um dos debates mais calorosos no dia seguinte a sua exibição com direito a ofensas dirigidas a seu personagem principal, o transexual masculino, Silvio Lúcio, “Olhe para Mim de Novo”, outro documentário presente na mostra de longas nacionais, dos realizadores Kiko Golfman e Claudia Priscila, apesar de ter sido apontado como possível ganhador em dado momento segundo alguns jornalistas presentes no festival, saiu da competição sem levar nenhuma estatueta. Porém, deve permanecer na memória de muitos por revelar com muita propriedade a identidade de gênero de “uma mulher que virou lésbica e que agora é homem”, segundo uma auto-definição do próprio Silvio Lúcio sugerida ao espectador nos primeiros minutos do filme.
![]() |
Foto: http://www.festivaldegramado.net/ |
Longa-metragem Nacional
Melhor Filme em Longa-metragem Brasileiro : Uma Longa Viagem, de Lúcia Murat.
Melhor Montagem: Leonardo Sette, por As Hiper Mulheres.
Melhor Fotografia: Roberto Henkin, por O Carteiro.
Melhor Roteiro: Gustavo Pizzi e Karine Teles, por Riscado.
Melhor Atriz: Karine Teles por Riscado.
Melhor Ator: Caio Blat, por Uma Longa Viagem.
Melhor Diretor: Gustavo Pizzi, por Riscado.
Especial do Júri: As Hiper Mulheres, de Leonardo Sette, Carlos Fausto e Takumã Kuikuro.
Longa-metragem Estrangeiro
Melhor Fotografia: Serguei Saldivar Tanaka, por La Lección de Pintura.
Melhor Roteiro: Sebastián Hiriart, por A Tiro de Piedra.
Melhor Atriz: Margarida Rosa de Francisco, por García.
Melhor Ator: Gabino Rodríguez, por A Tiro de Piedra.
Melhor Diretor: Gustavo Taretto, por Medianeiras, e Sebastián Hiriart, por A Tiro de Piedra.
Especial do Júri: Las Malas Intenciones, de Rosario Garcia-Montero.
Melhor Filme Longa-metragem Estrangeiro: Medianeiras, de Gustavo Taretto.
Curta 35mm e Digital
![]() |
Foto: http://www.festivaldegramado.net/ |
Melhor Montagem: Mair Tavares e Tina Saphira, por Um Outro Ensaio.
Melhor Fotografia: Jacques Dequeker, por Polaroid Circus.
Melhor Roteiro: Rodrigo John, por Céu, Inferno e Outras Partes do Corpo.
Melhor Atriz: Dira Paes em Ribeirinhos do Asfalto.
Melhor Ator: José Wilker em A Melhor Idade.
Especial do Júri: Rivelino, de Marcos Fábio Katudjian.
Melhor Diretor: Natara Ney por Um Outro Ensaio.
Melhor Filme Curta-metragem: Céu, Inferno e Outras Partes do Corpo, de Rodrigo John.
Por Walter Ferrera
Nenhum comentário:
Postar um comentário