A economia norte-americana está em crise e um dos seus maiores setores parece estar bem ciente disso. A indústria do entretenimento encabeçado pelo cinema, tem driblado esse período preocupante recorrendo a frequentes remakes. E se as refilmagens forem de “filmes-de-terror-ícones” da década de 80, o quanto melhor. Some-se aí efeitos de computação gráfica de última geração e tecnologia 3D; a equação está pronta para que os produtores consigam vislumbrar polpudas bilheterias e, dessa maneira, garantir “o-pão-nosso-de-cada-dia”.
Uma das apostas mais recentes é “A Hora do Espanto” (2011), que tem estreia em circuito nacional agendada para esta sexta-feira (07/10).
Sinopse: O veterano Charlie Brewster (Anton Yelchin) finalmente conseguiu o que queria: está com a turma mais popular e namorando a garota mais desejada de sua escola. Ele se sente tão autoconfiante que chega a desprezar seu melhor amigo. Mas nem tudo são flores, os problemas começam quando Jerry (Colin Farrell) se muda para a casa ao lado. A princípio, ele aparenta ser um cara legal, mas há algo esquisito em seu jeito – e todos, inclusive a mãe de Charlie (Toni Collette), não percebem. Depois de observar algumas atitudes bastante estranhas, Charlie chega a uma conclusão, Jerry é um vampiro em busca de presas no bairro. Incapaz de convencer alguém, Charlie precisa achar um meio de se livrar do monstro que acaba o ameaçando.
Apostando num roteiro recheado de situações e diálogos cômicos – acaba sobrando até para a saga Crespúsculo - o diretor constrói uma narrativa onde a quantidade de sustos é tão grande quanto o respeito à mitologia vampiresca. Assim como na película que se tornou um dos maiores sucessos do gênero em 1985, neste aqui, o vilão de dentes caninos super afiados continua a temer a luz do sol e suas práticas suspeitas ocorrem tão logo a noite cai.
Craig Gillespie, responsável pela premiada série televisiva produzida por Steven Spielberg, “ United States of Tara”, com Toni Collete - que aqui faz o papel da mãe do protagonista - manteve a essência do filme original, mistura terror com humor na medida certa sem que a imagem do vampiro, um dos personagens mais emblemáticos do cinema e literatura, saia arranhada.
Pode-se dizer que o talentoso elenco teve sua parcela significativa de contribuição. Se na produção da década do exagero, Chris Sarandon que deu vida ao sanguessuga Jerry, conseguiu imprimir tamanho charme e elegância ao personagem mitológico, notabilizando-se assim nos almanaques como o vampiro mais sedutor dos eighties, Collin Farrel , o Jerry da versão de 2011 não chega a decepcionar. Bom ator, a cada passada de olhar ele consegue dizer a que veio, exalando comedidas doses de lascívia a exemplo do ex-marido de Susan Sarandon. Chris, aliás, faz uma participação especial durante a sequência da perseguição. Em parte, Farrell foi prejudicado pelo figurino feito sob medida para ressaltar a sua boa forma, ora ele está de bota, jeans e uma camisa regata, ora uma t-shirt preta sob medida que involutariamente remete àquela máxima popular do “mamãe-tô-forte”.
O personagem principal vivido pelo talentoso Anton Yelchin, demonstra nuances diferentes em sua personalidade, o que o diferencia do mocinho do primeiro filme. A sua jovem mãe que foi abandonada pelo marido ganha maior destaque aqui. Mais um ponto para Toni Collete, atriz australiana de gestos precisos e carisma marcante, que mais uma vez bate ponto como coadjuvante de luxo, e acaba fazendo grande falta quando toma chá de sumiço servido pelo roteirista.
Por Walter Ferrera
Nenhum comentário:
Postar um comentário