segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Amanhecer - Parte 1 confirma sucesso das “mocinhas” no cinema

O maior fenômeno fílmico-literário de que se tem noticia nos últimos anos apresenta seu quarto filme. Amanhecer - Parte 1 segue o caminho iniciado com Crepúsculo (2008). Os filmes produzidos a partir da adaptação dos livros da autora Stephenie Meyer continuam a pautar o bate-papo em reuniões de amigos e, sobretudo, os fóruns pela web.

Mas, não é de hoje que, a dobradinha filme e literatura está na ordem do dia no cinema norte-americano. Grandes hits literários viraram estrondosos sucessos de público e também de crítica quando adaptados à tela grande. O Silêncio dos Inocentes (1992), que trouxe mais filmes na sequência, atesta a fórmula bem sucedida. Sem falar na trilogia O Senhor dos Anéis.

Em geral, os romances costumam ter maior receptividade e mesmo que não caiam no agrado da crítica, ainda assim, lotam as salas de exibição e viram uma verdadeira febre de consumo.  Exemplo a ser lembrado é Um Amor para Recordar (2002), que foi adaptado do livro homônimo de Nicholas Sparks, o escritor que mais detém adaptações para o cinema, hoje, nos EUA.

Os best-sellers assinados por Stephenie Meyer e transformados para o cinema por Hollywood são motivo de discórdia. A saga Crepúsculo é odiada por boa parte dos críticos cinematográficos e, ao mesmo tempo, objeto de adoração das adolescentes românticas. O quarto filme da cine-série, que está em cartaz em Porto Alegre, colecionou mais um recorde para a sua extensa lista. Amanhecer - Parte 1 é o filme norte-americano de maior arrecadação numa estreia no Brasil. No fim de semana em que entrou em cartaz, a película atraiu um milhão 721 mil espectadores brasileiros.

O fato comprova que, apesar da saraivada de observações contrárias, Stephenie utiliza muito bem a figura lendária do vampiro em suas tramas. Os filmes têm o mérito de transportar para a tela grande, mantendo a fidelidade aos livros, os ingredientes que caracterizam o romance. A personagem principal é uma garota comum que se acha sem muitos atrativos físicos. A protagonista Bella acaba se tornando objeto amoroso de um jovem sanguessuga com ar de galã. O sonho de toda menininha que se sente deslocada no colégio.

Uma olhadela em boa parte das produções recentes made in Hollywood, que são protagonizadas por mulheres jovens, deixa evidente o porquê de tamanha empatia do público. Em especial, o feminino. Particularmente, as comédias românticas têm apostado em “mocinhas” mais maduras e decididas que sejam os sujeitos ativos de um relacionamento. Elas querem, eles tiram a roupa e está tudo certo. O que esboça o quanto a mulher tem evoluído numa sociedade em que o homem sempre assumiu a iniciativa. No recente Sexo Sem Compromisso (2011), o personagem de Natalie Portman encarna um papel de dar orgulho a qualquer feminista engajada na causa. Jovem, bonita e bem sucedida profissionalmente, é ela quem dita as regras e submete o seu affaire (Ashton Kutcher)  a inúmeras  e curiosas situações. Tudo sobre um plano de fundo sexual e com o “macho”, sem pudores, que só obedece.
Anne Hathaway, que em breve dará vida a mulher-gato na versão do diretor Christopher Nolan, interpreta uma personagem com mal de Parkinson na dramédia-romântica Amor e Outras Drogas (2010). Algumas atitudes suas, mais coordenadas pela razão do que pela emoção, causam estranheza e uma certa distância em relação ao universo feminino. O partner em questão, vivido por Jake Gyllenhaal, é quem acaba ganhando a simpatia do público.

Estes dois filmes servem como reflexo a respeito da evolução da mulher na dita sociedade ultra-contemporânea. Ainda assim, e mesmo contando com um elenco mais conhecido e competente, eles não passam de pálidas lembranças quando comparados ao sucesso da franquia Crepúsculo. Já que, num sentido oposto, a produção traz Bella Swan, uma colegial tímida, indefesa, de rosto comum e virgem, que é a própria personificação da candura. 




O ingrediente principal que continua fazendo de Crepúsculo um estrondoso sucesso de bilheteria é, justamente, o ideal romântico preconizados pelos contos de fadas. Estas histórias tiveram uma contribuição significativa na construção de uma ótica feminina, que por mais controversa e polêmica que pareça, nos dias atuais, ainda encontram reverberações sobre a dupla literatura e cinema. Em tempos sem um ideal, que melhor história de amor senão a da juvenil donzela e a do belo príncipe?  Mesmo que ela venha com afiados caninos para suprir a carência de uma horda de garotas românticas, que vivem o desabrochar da sensualidade. Por sinal, as adolescentes fãs das aventuras de Bella e companhia parecem demonstrar — parafraseando o título do filme estrelado por Portman — o quanto não estão nada a afim de “sexo sem compromisso”.

Por Walter Ferrera

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