O 3D não apenas veio para ficar como também salvar o cinema hollywoodiano nestes tempos de crise econômica braba nos EUA. Super-heróis com corpos sarados exalando testosterona e munidos de seus escudos e martelos fazem lotar as salas escuras, porém acabam por refletir o pobre arsenal criativo que os produtores possuem para garantir a manutenção da indústria. Então por que não recorrer a uma fórmula bem sucedida de um passado recente? Adiciona-se no tubo de ensaio um elemento inovador como chamariz, e ...tchan! tchan! tchan! Temos ai um “novo” velho sucesso a caminho.
Nesta semana foi divulgado o pôster do clássico “Titanic” (1997) que deverá ancorar novamente nos cinemas mundiais agora em versão 3D, no mês de abril de 2012. Data especialmente escolhida por se tratar do centenário da primeira e única viagem do famigerado navio “que nem Deus poderia afundar”.
Considerado um dos projetos mais ambiciosos e arriscados da carreira do visionário diretor James Cameron, o filme quebrou vários recordes. Foi o primeiro a bater a marca de 1 bilhão de dólares só com venda de ingressos. Cerca de 200 milhões foram consumidos na sua produção, a mais cara da época. A sua canção tema “My Heart Will Gon On” interpretada por Celine Dion é a mais tocada nas emissoras de Rádio em todos os tempos. E, por aí vai.
A história de amor impossível entre uma pobre menina rica e um jovem aventureiro sem eira e nem beira, caiu no gosto do público e da crítica especializada. A Academia de Ciências e Artes Cinematográficas de Hollywood não ficou indiferente e o premiou com 11 troféus no Oscar de 1997. Para desespero de Arnaldo Jabor que tinha a tarefa de comentar a transmissão da festa pela Globo naquele ano.
A produção também marcou positivamente a carreira de seus protagonistas. Leonardo DiCaprio virou instantaneamente ídolo teen e Kate Winslet, já uma ótima atriz, provou que estrelas opulentas ainda poderiam figurar como objeto de desejo. Mesmo com o padrão anoréxico vigente na publicidade. Titanic também representou um avanço para a engenharia. O irmão do diretor, Michael, um gênio da tecnologia do cinema criou com o apoio da Panavision uma câmera-robô usada para captar imagens reais dos destroços do navio em uma profundidade gigantesca. Antes a aproximação do local só ocorria com o uso de submarinos.
A nova versão de Titanic teve conversão para a tecnologia 3D supervisionada pelo cineasta James Cameron, diretor de Titanic e o mesmo que redescobriu o 3D fazendo o uso pleno dele em “Avatar” (2009), outro estrondoso sucesso.
O curioso é que a tragédia real do Titanic levada de forma ficcional para a telona, coincide com dois momentos similares na história de Hollywood. Na segunda metade dos anos de 1990 a crise criativa era evidente. Star Wars e Indiana Jones não passavam de uma saudosa lembrança, e assim sendo, o cinema blockbuster viu surgir Michael Bay, diretor que virou sinônimo de filme arrasa quarteirão descerebrado. Com seu Titanic, uma produção épica que unia tudo o que o cinema de entretenimento norte-americano tinha de melhor, James Cameron apareceu para salvar a pátria.
Atualmente, em meio à recessão econômica, os norte-americanos precisam de um bom motivo para ir às salas de exibição e pagar um valor caro de ingresso, o que só ocorre quando o espetáculo é bom. E, Neste sentido, Titanic 3D parece ser uma boa aposta. A nova versão deve ser lançada no Brasil na mesma data que nos EUA, dia 06 de abril de 2012. O que confirma a grande importância mercadológica do país para a indústria do entretenimento norte-americana.
Por Walter Ferrera
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